“Não pagamos!”

O que verdadeiramente me impressiona nesta historietas de Sócrates dizer que as dívidas não se pagam, de outros políticos e ex-políticos virem a terreiro dizer que também não pagam as próprias dívidas, faz-me lembrar aquele célebre grupo que um dia disse também: “ Não pagamos” que mais não foi que um slogan adolescente que ficou na cultura portuguesa desde a guerra das propinas. O certo é que a ideia se generalizou. Em Portugal, nada se pagava. Eram impostos, pagamentos a fornecedores, salários, benefícios sociais, dívidas. O sistema judicial ajudou bastante e a única coisa que às vezes se pagava eram os honorários dos advogados que defendiam o devedor.

Agora, que nos estão a roubar com os altos juros, há muita gente a dizer que não paga, ou seja, que se deve reestruturar a dívida. Mas isso, hoje, é ajudar o ladrão. O facto é que vivemos num mundo onde o dinheiro não existe materialmente nem sequer corresponde a um património se não existirem compradores. Neste mundo, o dinheiro é um vento que circula de conta em conta e que está agora a voar para as contas dos especuladores financeiros.

E o que fazem eles? Venderam a descoberto as dívidas e acções de tudo quanto existe neste País, à espera de as comprar quando já nada valerem. Na verdade, os Mercados (os especuladores) esperam que o Estado não pague as suas obrigações para que estas percam o valor e o País entre em falência. Aí, sim, vão comprar barato o que agora venderam, com lucros milionários. E estão a fazer braço-de-ferro para que isso aconteça! E estes tenrinhos todos que já tiveram responsabilidades e agora querem seguir os maus exemplos estão a ver se estimulam os demais a seguir-lhes as pegadas para que Portugal vá mesmo ao fundo! Na pequena parte que me toca, não contem comigo! O País precisa de progredir de gente empreendedora que esteja disposta a sacrifícios para posteriormente ser premiada por isso! Ideias, alguma criatividade e jogo de cintura para contornar obstáculos, só isto é meio caminho para se lá chegar!